Numa altura em que festejamos os 25
anos da FPO, qual a palavra que de imediato lhe vem à mente?
Diogo Miguel (D. M.) -
Voluntariado. Durante estes 25 anos, o desenvolvimento da Orientação
fundamentou-se sobretudo na boa vontade e voluntariedade de um grupo
de pessoas. Se por um lado este amadorismo acaba por preservar muito
do que a Orientação tem de melhor, por outro lado acaba por, em
algumas situações, ser um entrave ao desenvolvimento da modalidade.
Qual a “dívida” que o
Ori-Estarreja tem para com a Federação em matéria do seu
aparecimento e desenvolvimento?
D. M. - O Ori-Estarreja tem já
23 anos de existência, tendo sido o primeiro clube dedicado
exclusivamente à prática de Orientação a aparecer em Portugal.
Antes disso já a modalidade tinha sido implementada em Estarreja, no
seio do Clube Desportivo de Estarreja. Portanto, o Ori-Estarreja
acaba por ter partilhado com a FPO uma boa parte destes 25 anos, e se
a FPO foi importante para o crescimento do Ori-Estarreja, também o
clube foi importante para o desenvolvimento da modalidade em
Portugal. Assim sendo, não falaria em dívida, mas em simbiose. Só
com uma colaboração entre a FPO e os clubes é que a modalidade
poderá crescer.
Como definiria o Ori-Estarreja neste
momento?
D. M. - A grande mais valia que
o Ori-Estarreja tem neste momento são os seus recursos humanos. Não
falo no número (na verdade já fomos mais), mas sim na sua qualidade
técnica, pois neste momento temos pessoas que conseguem assegurar
com um elevado nível as mais diversas tarefas. E é por isso que o
Ori-Estarreja tem conseguido, ao longo dos anos, organizar eventos
com um nível elevadíssimo, sendo o exemplo mais recente disso o
Portugal O’ Meeting 2015. Na calha para 2016 está o Campeonato
Ibérico, que levará de novo a caravana da Orientação a Aguiar da
Beira, município que vê a Orientação como estratégica para o
desenvolvimento da economia local. Outra área em que o clube tem
também apostado de forma séria nos últimos dois anos é o Desporto
Escolar. O Ori-Estarreja tem neste momento um protocolo de parceria
com o Agrupamento de Escolas de Estarreja, organizando treinos
semanais em que participam um número considerável de alunos. Além
disso, o clube procura também apoiar em tudo a participação destes
jovens atletas nas provas da Taça de Portugal. Como resultado disso,
temos conseguido, de uma forma assídua, ter entre 15 a 20 jovens a
participar em provas e treinos de floresta organizados por nós.
Como vê o atual estado da
Orientação em Portugal?
D. M. - Infelizmente, não o
vejo com muito optimismo. Nos últimos dois a três anos tem-se
observado um declínio no número de participantes nas provas. Mas
pior do que isso, parece-me que a desmotivação atingiu a
globalidade dos agentes da modalidade em Portugal. E se há coisa que
os quase 20 anos que já levo de Orientação me mostraram, é que
sem motivação não é possível superarmo-nos e dar passos
satisfatórios no sentido do desenvolvimento. Isto é sobretudo
importante quando nos referimos a uma modalidade amadora e que vive
da boa vontade dos seus agentes - sem motivação, não há boa
vontade que resista!
Três ideias breves para três
tópicos muito concretos: Comunicação, Desporto Escolar e Provas
Locais.
D. M. - Comunicação - há que
ser profissional nesta área. Acho que este é um exemplo
paradigmático do amadorismo da nossa modalidade.
Desporto Escolar - acho sinceramente
que o futuro da modalidade passa por aqui. E como tal, deve ser
elaborada uma estratégia séria e bem estruturada que vise o
desenvolvimento do Desporto Escolar e a sua articulação com os
clubes - os clubes têm de ter condições para absorver os jovens
que vêm do Desporto Escolar. E se não as têm, estas devem ser
criadas, porque senão a modalidade acaba por perder estes jovens!
Provas Locais - numa altura em que os
portugueses têm os bolsos vazios, só a proximidade permitirá que
muitos continuem a praticar a modalidade.
Um desejo neste soprar das 25 velas.
D. M. - Que quando cá
estivermos para soprar as 50, o cenário da modalidade seja mais
risonho. Muito mais!
Saudações orientistas.
Joaquim Margarido
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