Numa altura em que festejamos os 25
anos da FPO, qual a palavra que de imediato lhe vem à mente? Porquê?
Jacinto Eleutério (J. E.) - Não
darei uma, mas duas palavras: Estabilidade e credibilidade. Apesar da
conjuntura económica difícil vivida pela grande maioria dos
Portugueses, a FPO, nas comemorações do seu 25º aniversário,
deveria ser um exemplo a seguir por muitas outras federações
desportivas. Nota-se na FPO uma muito boa estabilidade a todos os
níveis, que não será alheia à rigorosa gestão levada a cabo pelo
presidente Augusto Almeida, que deu à modalidade e à FPO uma
credibilidade exemplar e invejável.
Qual a “dívida” que a ADFA tem
para com a Federação em matéria do seu aparecimento e
desenvolvimento?
J. E. - A Secção de Orientação
da ADFA iniciou a sua atividade em setembro de 2001 após a extinção
da Secção de Orientação do Lusitano Ginásio Clube. No início
foi, e ainda é, muito importante o apoio recebido da FPO para o
desenvolvimento da nossa atividade. Poderemos mesmo dizer que sem o
apoio federativo, nós e muitos outros clubes não conseguíamos
manter uma atividade regular. Apoio nas inscrições, nos seguros,
nos transportes, na cedência de material, na disponibilidade dos
serviços, etc., foram e são imprescindíveis para manter o nosso
desenvolvimento. Ao longo da sua ainda curta existência, a Secção
de Orientação da ADFA já alcançou mais de 200 títulos de campeão
nacional nas várias distâncias em que se disputam ou disputaram
Campeonatos (Sprint, Média, Longa, Ultra-Longa e Estafetas, tanto
nas disciplinas de Orientação Pedestre como de Orientação em BTT.
Na época prestes a findar tivemos 64 atletas inscritos na FPO, dos
quais 45% são jovens.
Como definiria a ADFA neste momento?
J. E. - Ao longo dos últimos
anos soubemos manter um bom rigor orçamental e organizativo
(copiamos o exemplo da federação), que nos permite na atualidade
viver sem grandes sobressaltos. Temos neste momento um excepcional
grupo de colaboradores que se encarrega - melhor do que eu faria - da
maior parte das tarefas organizativas e me deixa liberto para outras
situações mais burocráticas. Temos conseguido manter ao longo dos
últimos anos uma boa capacidade competitiva que nos levou a
conseguir em 2015 dezassete títulos de campeão nacional na vertente
Pedestre: 4 no sprint, 3 na Longa, 5 na Média, 4 nas Estafetas e
recentemente renovamos o titulo coletivo de campeões nacionais
absolutos masculinos. Para 2016 temos a responsabilidade da
organização dos Campeonatos Nacionais de Distância Longa e Sprint,
em Palmela, na Orientação Pedestre e do Campeonato Nacional
Absoluto em BTT, em local ainda a definir.
Como vê o atual estado da
Orientação em Portugal?
J. E. - Com algum otimismo, mas
moderado. Penso que o pico da crise que nos assolou já passou, dado
que já se nota alguma melhoria nas participações nas provas. Temos
também um bom lote de jovens a despontar que nos dão garantia de
continuidade para o futuro (espero que não se percam), tanto em
Pedestre como em BTT. Temos a nova disciplina do Rogaine a dar os
primeiros passos que me parecem animadores, sendo que a destoar temos
as Corridas de Aventura que me parecem com um futuro muito
complicado.
Três ideias breves para três
tópicos muito concretos: Comunicação, Desporto Escolar e Provas
Locais.
J. E. - Comunicação - A
comunicação não está a funcionar como seria desejável. Talvez
fruto da reduzida participação nas provas, os clubes não
querem/podem fazer investimento nesta área, salvo raras e honrosa
exceções. Esta situação acaba por ser compreensível, pois uma
organização com 100 inscritos ou menos não se pode dar ao luxo de
investir no OTV. Depois nota-se pouca colaboração entre os clubes,
não compartilhando nem ajudando na organização ou divulgação das
provas dos outros, situação que na minha opinião é essencial.
Temos a newsletter da FPO e um esforço notável e empenhado do amigo
Fernando Costa, que sozinho não consegue fazer mais. Era bom que
todos (clubes, atletas e dirigentes) se empenhassem na tarefa de
fazer passar a imagem deste desporto que se quer para todos.
Desporto Escolar - O Desporto Escolar
está muito bem e é suficiente para guarnecer a estrutura
federativa. Poderá ser controversa esta afirmação, mas parece-me
que o que faz falta é o aparecimento de mais clubes e dirigentes que
possam acolher todos os jovens saídos do Desporto Escolar. Na ADFA,
com muita pena minha, não conseguimos absorver todos os jovens que
as Escolas do Pinhal Novo e Palmela tvão “fabricando” ano após
ano. De vez em quando leio que houve um Ori-Escolas com cerca de 600
alunos e pergunto-me: Onde estão esses alunos? Quantos vieram para a
estrutura federada? Daí que fazem falta clubes para dar seguimento
ao que o Desporto Escolar muito bem faz. Salvo algumas honrosas
exceções, a maioria desses alunos perde-se para a modalidade.
Provas Locais - As provas locais, como
outras áreas da nossa modalidade, passaram por tempos conturbados,
com reduzidas participações, o que levou as organizações a
desistirem da sua organização (falo por mim). Esperamos que com o
aliviar da crise voltemos a ter maiores índices participativos,
dando um maior incentivo aos organizadores. Não tenho duvidas
nenhumas que as provas locais são essenciais para a massificação
da modalidade.
Um desejo neste soprar das 25 velas.
J. E. - Estamos a chegar ao fim
do mandato da atual direção da FPO. Já conheci tempos conturbados
na Federação, que gostaria não se repetissem e para isso é
preciso que apareçam pessoas com capacidade (e temos muitas) de
continuar com a estabilidade que atualmente se vive, de maneira a
podermos seguir em frente com rigor e honestidade para que possamos
soprar outras 25 velas e, como dizia o saudoso Raul Solnado, FAÇAM O
FAVOR DE SER FELIZES.
Saudações orientistas.
Joaquim Margarido
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