Organizado pela primeira vez em
1996, foi em 2000 que o Portugal O' Meeting se vinculou em definitivo
ao modelo de quatro dias, sempre na quadra carnavalesca. Em 2007, o
evento entrou na chamada “era moderna”, registando a bonita soma
de 1562 participantes, dos quais mais de mil estrangeiros. E em 2012,
o POM viu a sua qualidade técnica ser reconhecida ao mais alto
nível, com a atribuição do prémio internacional “Percurso do
Ano”, do World of O. Denominador comum destes momentos singulares
na história do mais importante evento do calendário nacional de
Orientação Pedestre, o Clube de Orientação de Estarreja é
chamado a organizar o Portugal O' Meeting pela quarta vez em 20 anos.
Mas como será este POM 2015? É isso que procuramos desvendar hoje,
chamando ao palco Bruno Nazário, o Diretor do Evento.
Gostaria de tentar perceber, com a
sua ajuda, como será este POM 2015, mas há desde já um dado
histórico: A barreira dos 2000 inscritos foi finalmente quebrada e
não posso deixar de começar por lhe pedir um comentário a esse
propósito.
B. N. - Desde sempre, o nosso
objetivo, o nosso desejo, foi o de atingirmos os 2015 inscritos.
Trabalhámos muito para chegar aqui e ao longo deste último ano
fizemos tudo para conseguir acolher esse número de pessoas. Todavia,
tendo em conta o histórico recente do Portugal O' Meeting e com a
contração a nível económico a fazer-se sentir não só em
Portugal mas também na restante Europa, estes números eram quase
uma utopia. Portanto, conseguir ultrapassar a barreira dos 2000
inscritos, neste ano, é para nós motivo de enorme satisfação e
orgulho e a prova de que o Ori-Estarreja é um clube reconhecido e no
qual as pessoas conseguem ver a capacidade para montar um evento de
qualidade, em quem confiam. Ao mesmo tempo deve ser um orgulho para
toda a comunidade Orientista em Portugal, dado que apenas com o
trabalho dos vários clubes podemos chegar ao nível em que está
hoje o Portugal O' Meeting.
Mas havia algum indicativo que o
levasse a acalentar esta ideia quanto a um número tão elevado?
B. N. - Quando lançámos a
candidatura ao POM 2015 na região de Mira e Vagos, tínhamos a noção
de que os números poderiam atingir estes valores. Sabíamos que se
organizássemos o Portugal O' Meeting na zona de Viseu, por exemplo,
iríamos ter terrenos com outra valia técnica, muito mais
desafiantes para os atletas de Elite, mas seriam terrenos não tão
atrativos para o grosso do pelotão, por assim dizer. Eu hoje perdi
algum tempo a fazer a comparação entre os números do Portugal O'
Meeting 2012 e os deste POM 2015 e verifica-se que, apesar dos cerca
de 1800 inscritos há três anos, tinhamos praticamente metade de
inscritos em todos os escalões de Veteranos. Este tipo de terrenos é
muito mais atrativo para os Veteranos e é muito mais agradável
correr em terrenos de dunas do que em terrenos de pedras. Penso que
esta terá sido a chave para ultrapassarmos as 2000 inscrições.
Em termos organizativos, estes
números colocam algum problema acrescido?
B. N. - Todos nós sabemos que
uma das grandes condicionantes para qualquer organização prende-se,
desde logo, com o local onde desenhamos as Arenas da prova. Nesse
campo, o nosso planeamento começou precisamente por aí, ao encontro
dum local que pudesse servir de Arena para albergar 2000 pessoas. A
partir daí, avançámos então para os traçados dos percursos,
tendo a noção de que estes terrenos são bons tecnicamente e irão
deixar satisfeitas as pessoas que nos visitam.
De que forma é que já se faz
sentir, neste momento, o impacto do Portugal O' Meeting nos concelhos
de Mira e de Vagos?
B. N. - A divulgação do evento
por parte das Câmaras Municipais envolvidas está a começar a ser
feito, mas o Portugal O' Meeting já paira no ar há bastante tempo.
Em termos de alojamento, a taxa de ocupação está praticamente nos
100% e já toda a gente percebeu que o grande causador desta situação
é o Portugal O' Meeting 2015. Este tipo de eventos é muito
importante para os dois concelhos, uma vez que há uma forte aposta
no ambientalismo e no turismo de natureza. Estas são igualmente duas
bandeiras do Portugal O' Meeting e penso que estamos em sintonia para
organizarmos um evento de grande qualidade.
Este é um trabalho de continuidade
com a Câmara de Mira, mas é uma estreia no concelho de Vagos...
B. N. - Na realidade, é a
primeira vez que temos uma relação institucional com a Câmara de
Vagos. Já organizámos grandes eventos nos concelhos limítrofes,
nomeadamente em Mira, Cantanhede e Ílhavo e surgiu agora a
oportunidade de estabelecermos uma parceria com a Câmara Municipal
de Vagos. Esta foi, aliás, a nossa intenção desde o início. Mira
até teria uma massa florestal que permitiria a organização dos
quatro dias do evento dentro do seu território geográfico, mas
quisémos ampliar esta relação a Vagos e foi uma aposta ganha. O
entendimento tem sido excelente e os responsáveis pela autarquia têm
demonstrado uma enorme abertura e interesse em colaborar connosco.
Que Portugal O' Meeting vai ser este
que festeja este ano o seu vigésimo aniversário?
B. N. - Temos dentro do clube
muitas pessoas com capacidade e, todos juntos, estou certo,
conseguiremos levantar um evento duma dimensão gigantesca e com a
qualidade que as pessoas esperam do Portugal O' Meeting. Este será,
pois, um grande Portugal O' Meeting, um Portugal O' Meeting
abrangente, que irá proporcionar cinco dias de excelente competição
e que agradará, estou certo, tanto aos miúdos de dez anos como aos
veteranos com 85 anos.
Há alguma estratégia montada no
sentido do Portugal O' Meeting 2015 poder atrair as gentes locais,
levando-as a participar?
B. N. - Esse é sempre um
objetivo do Clube de Orientação de Estarreja. Já em 2012 fizemos
uma parceria muito boa com o Clube de Orientação de Viseu e podemos
dizer que deixámos ali uma semente para um clube que já caminha
sozinho. Também aqui iremos empreender uma ação de formação
dirigida a todas as associações dos concelhos de Mira e de Vagos,
já este sábado. Queremos dizer às pessoas daqui que este evento
não é só para os federados ou para os estrangeiros que nos
visitam, mas queremos que também seja para elas. Já temos,
inclusivamente, boas indicações de que pelo menos uma das
associações, em Mira, irá criar uma secção de Orientação, algo
que nos deixa obviamente muito felizes.
Mencionou os estrangeiros que nos
visitam e alguns deles são, efetivamente, as grandes cabeças de
cartaz deste POM 2015. Quer apresentar-nos os seus nomes?
B. N. - Os dois campeões do
mundo de Distância Média em título, o norueguês Olav Lundanes e a
sueca Annika Billstam, irão estar presentes no Portugal O' Meeting e
são eles as grandes cabeças de cartaz. Teremos também outros dois
atletas que ostentam, igualmente, o título de Campeão do Mundo,
como são os casos do sueco Gustav Bergman, Campeão do Mundo de
Estafetas, e do suiço Martin Hubmann, Campeão do Mundo de Estafeta
Mista de Sprint.
Todavia, faltam na lista os dois
nomes mais emblemáticos da Orientação mundial e figuras maiores
das anteriores edições do Portugal O' Meeting, Thierry Gueorgiou e
Simone Niggli...
B. N. - A Simone Niggli está
retirada da alta competição há já algum tempo e é natural que
agora comece a não estar presente todos os anos. É uma ausência
que lamentamos, mas compreendemos perfeitamente. Já o Thierry
Gueorgiou, era uma certeza entre nós e chegámos a divulgar isso
mesmo nas redes sociais mas, infelizmente, durante um treino noturno
em Espanha, mais precisamente em Guardamar, fraturou um dedo do pé e
isso vai obrigá-lo a uma paragem de dois meses sem poder competir. É
por esse motivo, e apenas por esse motivo, que não irá estar
presente.
As próximas semanas serão de muito
trabalho, seguramente, mas pergunto-lhe se há, neste momento, alguma
situação que o preocupe em particular.
B. N. - Penso que as coisas
estão a decorrer de acordo com o planeado. Como já disse, temos um
clube fantástico, com pessoas fantásticas, que pegaram nesta
organização e fizeram questão em levá-la por diante. Todos juntos
formamos uma grande família, apostada em dignificar o clube e a
Orientação Portuguesa. Estamos ansiosos é que chegue o dia 13
para, finalmente, podermos apresentar tudo aquilo que nos levou tanto
tempo a planear.
Saudações orientistas.
Joaquim Margarido