O início da oitava edição do
Norte Alentejano O' Meeting aproxima-se rapidamente e as expectativas
não cessam de aumentar. Numa altura em que o número de atletas
inscritos se aproxima já das cinco centenas, o Orientovar acompanha
os últimos preparativos na companhia do Diretor do Evento, Fernando
Costa.
Segunda fase dum ciclo que teve o seu
início em Nisa, em 2007, o Norte Alentejano O' Meeting assenta
arraiais, pela segunda vez na sua história, no concelho vizinho de
Castelo de Vide. Ao longo das sete edições passadas, o NAOM cresceu
e consolidou-se. Recebeu os Campeonatos Nacionais de Sprint e de
Distância Média em 2008 e em 2012, incluiu quatro etapas pontuáveis
para o Ranking Mundiais, integrou em 2011 o Portugal O' Meeting -
prestigiada prova mundial do Calendário regular de Inverno -, foi
palco assíduo da presença de todos os melhores atletas mundiais sem
exceção e, “last but not least”, tem contribuído de forma
consistente para a promoção e afirmação do nosso País, e em
particular do Norte Alentejo, como destino turístico e desportivo
por excelência nesta altura do ano.
É consciente desta realidade e das
enormes responsabilidades que acarreta, que a Organização do NAOM,
a cargo do Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos, se prepara para um
novo e importante embate, agendado para o último fim de semana deste
mês de janeiro. Às dificuldades crescentes em montar um evento
desta natureza e dimensões, acrescem imponderáveis de ordem vária,
nomeadamente os relacionados com a intempérie que, este ano, não
tem deixado de fustigar o nosso País. Para nos falar disto,
revelando os preparativos e dando nota das expectativas criadas,
fomos ao encontro de Fernando Costa, Diretor do Evento, aqui deixando
alguns apontamentos dignos de nota.
“A qualidade do evento está
assegurada”
“O terreno desta oitava edição tem
excelente qualidade, com características que o diferenciam em
relação a outras edições devido a uma menor visibilidade e
facilidade de progressão, aliadas a um terreno muito detalhado ao
nível do relevo.” Com estas palavras proferidas em jeito de
abertura, Fernando Costa parece indiciar já um evento de enorme
qualidade técnica e onde os desafios em termos de progressão e
opções de navegação serão uma constante. Mas parece ser cada vez
mais difícil garantir os terrenos que melhor se adequem às
exigências da alta competição, uma vez que as provas decorrem em
terrenos privados, implicando uma relação muito estreita com os
proprietários. “Por vezes as coisas não correm como desejamos,
sendo uma questão que tem que ser trabalhada com muito tempo e com o
maior cuidado, se queremos continuar a organizar eventos”, diz.
Um exemplo das dificuldades sentidas
prende-se com as questões climatéricas. Fernando Costa explica:
“Como no Alto Alentejo os melhores terrenos são junto das
ribeiras, estamos sempre dependentes das condições climatéricas do
Inverno e este ano também não foge à regra. Devido à subida do
nível das águas na albufeira da Barragem de Póvoa e Meadas,
vimo-nos obrigados a alterar o planeamento inicial. Mas mesmo assim a
qualidade do evento está assegurada”, garante. O sucesso da
implementação de alterações ao plano inicialmente previsto, passa
muito pelos apoios, “nos quais os Municípios assumem um papel
fundamental”, afirma aquele responsável, fazendo questão de
realçar “o empenho da Câmara Municipal Castelo de Vide em
colaborar com a organização, por forma a resolver todas as nossas
solicitações e atuando em parceria ao mais alto nível.”
“Mais um ano muito bom em termos
de participação internacional”
Mas há muitos aspetos positivos
relacionados com a organização do evento e o regresso a Castelo de
Vide é um deles. Aqueles que acompanham estas andanças não
deixarão certamente de recordar a jornada de 2008, colocando a par
dos momentos de competição a presença do “embaixador” Manuel
Serrão, uma emissão radiofónica em direto da Câmara de Castelo de
Vide conduzida por Fernando Correia, os terrenos fantásticos que
deram origem a algumas belas “Crónicas”, entre outros. Fernando
Costa lembra esses momentos: “Em 2008, em Castelo de Vide, o evento
foi muito promovido pelo Rádio Clube Português e, sem dúvida, foi
um prazer podermos ter uma emissão em directo sobre a prova. Mas
agora os tempos são mais difíceis em termos de comunicação e nem
sequer temos ainda a confirmação dos Embaixadores, esperando
contudo dar noticia sobre isso a muito breve trecho.”
Outro aspeto positivo é a presença do
líder do ranking mundial, Thierry Gueorgiou, mas não só. Os irmãos
Hubmann, Leonid Novikov, Philippe Adamski, o vencedor da primeira
edição do NAOM, o romeno Ionut Zinca, as duas primeiras
classificadas no ano passado, Amélie Chataing e Anastasija Tikhonova
e muitos outros, merecem de Fernando Costa uma palavra de satisfação:
“É sempre importante a presença de atletas conceituados no evento
e para o clube é uma forma de motivação para fazer o melhor
possível.” Acrescentando aos nomes referidos os de Baptiste
Rollier, Kiril Nikolov, Frédéric Tranchand e Emily Kemp, o Diretor
do Evento considera que “a juntar às três etapas pontuáveis para
o ranking mundial, por altura do Carnaval, este será mais um ano
muito bom em termos de participação internacional, apesar da
concorrência ser cada vez maior e tornar-se cada vez mais difícil
ter uma participação de atletas estrangeiros tão elevada como em
anos anteriores.” E não esquece os atletas portugueses: “Esperamos
a presença dos melhores.”
“Maior aposta na formação e
divulgação nos locais dos eventos”
A referência aos atletas portugueses
remete para os passados dias 4 e 5 de janeiro e para um dos mais
“frouxos” arranques duma Taça de Portugal de Orientação
Pedestre de que há memória. Que o mote dado pela prova de Santiago
do Cacém seja uma constante ao longo da temporada é um dos maiores
receios de Fernando Costa: “Temo que sim. Infelizmente vamos ter
menos participação em cada prova, pois a situação económica não
vai permitir fazer a totalidade das etapas do ranking Nacional para a
maioria dos Portugueses. Ou seja, as pessoas irão participar quando
for mais perto de casa e nas provas principais.” E adianta uma
solução: “Para inverter esta tendência, é necessário uma maior
aposta na formação e divulgação nos locais dos eventos,
procurando cativar participantes da própria região”.
Detalhando o Programa do NAOM 2014,
percebe-se que Castelo de Vide terá na prova de Sprint um dos seus
pontos altos, uma vez que se trata duma etapa pontuável para o
ranking mundial. “Em Outubro a Federação Internacional criou um
novo ranking, exclusivamente de Sprint, abrindo a possibilidade de
concorrermos”, explica Fernando Costa. A candidatura foi aprovada
no dia 13 de Dezembro, atraindo uma importante parte das atenções
para aquela que era “inicialmente só uma prova extra”. Mas o
restante programa é igualmente aliciante: “O Model Event, bem como
as duas provas de Distância Média junto à Barragem da Póvoa e
Meadas darão a conhecer um local paradisíaco, um local que quem não
conhece vai voltar mais tarde para desfrutar da beleza natural ou
para gozar uns dias de Férias”, garante Costa.
Em suma, um
grande NAOM num ambiente natural único, “um NAOM na linha daquilo
a que já se habituaram aqueles que nos visitam”, diz.
“Lutamos para que o evento seja
uma mais valia para a Orientação Nacional”
NAOM que, para quem não conhece, “é
um projecto Intermunicipal, um evento criado a pensar numa região
com enormes potencialidades para sobreviver à custa do Turismo da
Natureza”, assegura o Diretor do Evento.
Mas nem tudo são rosas:
“Este projeto só tem cabimento se todos lutarem pela região. A
marca Norte Alentejano ou Alto Alentejo poderá ter muita força se
todos acreditarem nela, desde o Desporto, Turismo, Cultura, o que não
é nada fácil de concretizar.
A nossa organização territorial
inibe quase sempre qualquer tentativa de alterar essa forma de agir e
de pensar”, diz Fernando Costa.
A equipa organizadora, o Grupo
Desportivo dos Quatro Caminhos, é a primeira a dar o exemplo:
“Apesar de virmos de Matosinhos, vestimos a camisola e damos o
nosso melhor por este evento”, conclui.
Uma última questão: "Qual a
importância do NAOM no calendário nacional". Para Fernando
Costa, a resposta não se faz tardar: “Lutamos para que o evento
seja uma mais valia para a Orientação Nacional e que projete a
nossa modalidade além fronteiras.” Fernando Costa concretiza: “O
evento tem quatro edições em livro, o que deve ser inédito a nível
Mundial, tem no seu quadro de honra os mais destacados especialistas
mundiais, teve como embaixadores figuras de primeiro plano a nível
do Desporto e da Cultura, no aspecto técnico teve terrenos muito
interessantes para a pratica da modalidade e que servem de base a um
dos melhores campos de treino de Orientação Nacional e
Internacional.” A conclusão só pode ser uma: “Para o clube é
sem dúvida o evento mais importante, um evento que foi ganhando ao
longo destes oito anos um nome de marca que importa valorizar, no
qual se deve apostar, na medida do seu contributo extraordinariamente
válido para a promoção desta região e do País.”
Saudações orientistas.
Joaquim Margarido