Depois de Suiça, Suécia, Finlândia e Dinamarca terem dominado as atenções nos dois primeiros dias dos Campeonatos da Europa de Jovens de Orientação Pedestre EYOC 2013, o derradeiro dia permitiu acrescentar os nomes da Rússia e da República Checa ao lote dos grandes vencedores. Em termos individuais, Sara Hagstrom ganhou tudo o que havia para ganhar e é ela, indubitavelmente, a “rainha” destes Campeonatos. No cômputo geral a Finlândia foi a grande vencedora, sucedendo à República Checa.
Chegou hoje ao fim em Vale
Benfeito, no concelho de Óbidos, a 15ª edição dos Campeonatos da
Europa de Jovens de Orientação Pedestre EYOC 2013. Uns Campeonatos
marcados pela excelência dos mapas e terrenos de competição, duma
organização inexcedível de cumplicidade e atenção para com os
362 atletas de 32 países presentes, de provas marcadas pela emoção
e por momentos de superação de enorme significado e valor para os
participantes e, por último mas não menos importante, por tempo
ameno e um sol radioso, a colocar mais cor e mais vida na paisagem e
no rosto de todos.
Ansiosamente aguardada, a
prova de Estafetas encerrou os Campeonatos em ambiente de festa e
alegria. Envolvendo um total de 92 equipas distribuídas por quatro
escalões de competição, a prova ficou marcada pela incerteza
quanto ao vencedor até ao derradeiro segundo, envolvendo algumas
reviravoltas surpreendentes e um par de resultados inesperados. No
capítulo das reviravoltas, a mais fantástica foi protagonizada pela
Suécia no escalão W18, ao passo que a maior surpresa acabou por ser
protagonizada pela Hungria, medalha de prata no escalão W16. Quanto
aos portugueses, o última dia de provas voltou a não acrescentar
algo de substantivo em termos de resultados, tendo a equipa de M16
alcançado o melhor resultado, concluindo na 10ª posição.
Triunfo da Rússia
Partindo por “vagas”
em função de cada escalão, a prova de Estafetas teve na Rússia o
primeiro vencedor conhecido, no escalão M16. Com um começo muito
forte, os russos tomaram conta da corrida logo no percurso inicial e
nunca mais o largaram. Grande figura das duas etapas iniciais dos
Campeonatos, o finlandês Olli Ojanaho ainda conseguiu encurtar a
diferença em mais de dois minutos no derradeiro percurso, mas
Pavlenko soube gerir bem a vantagem e chegar ao fim na liderança.
“Foi fantástico,
é como um sonho”. Foram estas as primeiras palavras de Aleksandr
Pavlenko, o homem que teve o condão de oferecer à Rússia a sua
única medalha de ouro nestes Campeonatos. Embora admitindo que a
vitória nesta prova estava nos planos do coletivo russo, Pavlenko
faz questão de sublinhar o excelente trabalho de equipa, “face a
uma Finlândia muito forte, o que valoriza ainda mais este
resultado.” A concluir, referindo-se em particular à sua prova e à
forma como lidou com a pressão de ter atrás de si o finlandês
Ojanaho, referiu: “Procurei fazer a minha prova e esquecer tudo o
resto. Na floresta fui apenas eu, o mapa e o percurso.”
A vitória mais folgada
No escalão W16, passou-se
com as checas um pouco do que sucedeu com a Rússia na Estafeta
masculina de M16. Ao registarem os melhores tempos nos respetivos
percursos, Tereza Cechová e Barbora Vyhnálková ofereceram a
Barbara Vavrysová uma vantagem suficientemente confortável e que a
atleta soube gerir de forma inteligente, chegando mesmo a ampliá-la até aos mais de cinco minutos e meio finais sobre a Hungria, naquela que foi a vitória mais folgada da jornada.
Barbara Vavrysová que, no
final, não cabia em si de contente: “Foi a minha primeira
participação num EYOC e esta é uma sensação incrível”,
começou por referir. Embora dispondo de confortável vantagem à
partida para o derradeiro percurso, a atleta assume que “tinha de
vencer, tinha de fazer isto por mim e pelas minhas colegas de
equipa”. E acrescenta: “Este era o nosso objetivo, o objetivo da
República Checa e sinto-me muito feliz por ter sido concretizado.”
Mas este é apenas o começo duma carreira que se espera plena de
sucesso: “Eu e as minhas colegas teremos certamente a oportunidade
de participar mais vezes no EYOC e esta medalha de ouro dá-nos força
para pensarmos em novos triunfos no futuro.”
Suécia fecha com chave de ouro
Partindo em desvantagem
para o terceiro percurso face às poderosas equipas da Suiça e da
Rússia, a Suécia teve em Sara Hagstrom um verdadeiro talismã.
Depois das vitórias da passada sexta feira e de ontem e que lhe
valeram os títulos europeus de Sprint e de Distância Longa, a
atleta sueca acabou por virar o resultado a seu favor, fazendo o
pleno de medalhas de ouro e tornando-se na estrela maior destes
Campeonatos. Sara Hagstrom impressionou todos quantos tiveram a
oportunidade de acompanhar este EYOC 2013, quer pelas suas qualidades
físicas e técnicas, quer pela sua atitude ganhadora, sendo um nome
a reter no futuro e do qual a Orientação mundial muito tem a
esperar.
Entre gritos de satisfação
e os muitos cumprimentos de adversárias e colegas de equipa, Sara
acabou por confessar ter sido esta “a vitória mais saborosa”. A
atleta revela ter sentido “uma grande confiança quando parti para
a minha prova, sabendo de antemão que esta Estafeta iria ser
diferente das que fiz até aqui. A única estratégia a seguir era a
de fazer a minha prova e não pensar nas minhas adversárias; seria
aí que residiria a chave da vitória.” Com a Rússia fora da
corrida logo no início do último percurso, devido a um erro
tremendo de Marina Trubkina, a luta ficou confinada a suecas e
suiças: “Embora deva reconhecer que a medalha de prata já seria
excelente, quando entrei para o último ‘loop’ decidi arriscar
tudo e acabei por colocar a pressão do lado do adversário.” Até
ao final a Suécia soube gerir a sua prova e esta vitória constitui,
na verdade, um fecho com chave de ouro duns Campeonatos que, neste
escalão, não podiam ter sido mais bem sucedidos.
Vitória apertada da
Finlândia
Por último o escalão
M18, aquele onde o despique foi mais ardoroso e onde se viveu a
incerteza quanto ao vencedor levou mais tempo a desfazer-se.
Finlândia, França, Noruega e Suiça conseguiram manter-se juntos
durante os dois primeiros percursos, acabando a prova por se resolver
a favor dos dois coletivos nórdicos, com a Finlândia a suplantar a
Noruega na parte final e a chegar merecidamente ao ouro e por
vantagem superior a um minuto.
Responsável pelo decisivo
percurso, o finlandês Aleksi Niemi viveu com esta vitória “um
momento de enorme emoção e alegria”, sobretudo depois da prova
frustrante de ontem e na qual cometeu “uma enorme quantidade de
erros”, disse. Procurando desenvolver a sua corrida “pensando
apenas no meu trabalho e esquecendo a presença dos meus
adversários”, o finlandês reconhece que esta vitória é de
“enorme significando e importância para mim e para o meu País”.
Resultados
W16
1º República Checa
1:19:27
2º Hungria 1:24:55
3º Dinamarca 1:26:52
4º França 1:29:24
5º Finlândia 1:29:34
6º Lituânia 1:32:58
M16
1º Rússia 1:18:59
2º Finlândia 1:20:54
3º Suiça 1:23:15
4º Letónia 1:24:18
5º Hungria 1:26:12
6º Grã-Bretanha 1:26:55
W18
1º Suécia 1:20:14
2º Suiça 1:20:34
3º Rússia 1:25:55
4º Polónia 1:29:50
5º Hungria 1:30:17
6º Noruega 1:31:17
M18
1º Finlândia 1:30:03
2º Noruega 1:31:20
3º Suiça 1:33:25
4º Suécia 1:33:30
5º Bélgica 1:38:57
6º Itália 1:39:32
Saiba tudo em
http://eyoc2013.fpo.pt/.
Saudações orientistas.
Joaquim Margarido
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