
Três anos volvidos sobre os
Mundiais de Montalegre, a Orientação em BTT ao mais alto nível
está de regresso a Portugal. De 9 a 13 de outubro, os Municípios de
Grândola, Santiago do Cacém e Sines recebem a ronda final da Taça
do Mundo e ainda a quarta edição dos Campeonatos do Mundo de
Veteranos. Numa altura em que está tudo a postos para receber a fina
flor da Orientação em BTT mundial, antecipamos os dois eventos e
auscultamos alguns dos seus principais protagonistas.
Portugal dá as boas vindas às mais de duas centenas de atletas de 22 países
distintos que, de 9 a 13 de outubro, prometem trazer à Costa
Alentejana o espetáculo da Orientação em BTT ao mais alto nível.
Com os títulos Mundiais de Veteranos nas vertentes de Sprint,
Distância Média e Distância Longa em jogo nos mais diversos
escalões e ainda tudo em aberto no que à Taça do Mundo de Elite
diz respeito, a perspetiva é a de três dias de competição plenos
de ardor e emoção, com a incógnita quanto aos vencedores a pairar
no ar até ao derradeiro segundo.
Para responder a tão intensos
desafios, a Federação Portuguesa de Orientação, com o apoio dos
Municípios de Grândola, Santiago do Cacém, Sines, Turismo da Costa
Alentejana e Instituto Português do Desporto e da Juventude,
reservou o que de melhor tem aquela região do país, prometendo
terrenos interessantes, paisagens deslumbrantes e os mais intensos
desafios para os amantes da Orientação em BTT. A competição terá
o seu início na sexta-feira, dia 11 de outubro, com a realização
da prova de Distância Média, pontuável quer para a Taça do Mundo
como para o Campeonato do Mundo de Veteranos. No dia seguinte será a
vez de assistirmos à disputa da etapa de Distância Longa e tudo
terminará no domingo com a etapa de Estafeta Mista da Taça do Mundo
e a disputa dos títulos mundiais de veteranos na distância de
Sprint.
Em defesa da liderança
Atentando na lista de participantes
na ronda final da Taça do Mundo, são em número de 83 (49 no setor
masculino e 34 no feminino) os atletas inscritos. Os
resultados da edição 2013 da competição até ao momento –
baseados exclusivamente nos Campeonatos da Europa e nos Campeonatos
do Mundo, disputados na Polónia e na Estónia, respetivamente -,
percebe-se que finlandeses, russos e checos apresentam um grande
ascendente no setor masculino, embora a liderança da Taça do Mundo,
até ao momento, seja pertença do estoniano Tõnis Erm.
Erm que, em declarações ao
Orientovar, confessou estar na disposição de lutar com todas as
suas forças para guardar a primeira posição na Taça do Mundo,
“embora só as provas possam vir a mostrar se o meu desejo se
concretizará ou não”. Com a preparação algo perturbada “por
uma virose e pelos primeiros flocos de neve que já começaram a cair
na Estónia”, o Campeão do Mundo de Sprint e de Distância Média
em título aguarda com ansiedade a competição, pois “só ela
poderá mostrar até que ponto serei capaz de defender o primeiro
lugar”. Com a recordação dessa medalha de prata na prova de
Sprint dos Mundiais de Montalegre ainda bem presente na memória,
Tõnis Erm acrescenta que “os exemplos de mapas disponibilizados
pela organização parecem, ao mesmo tempo, muito interessantes mas
muito estranhos.” Estamos, definitivamente, muito longe dos mapas
dos recentes Mundiais da Estónia, com a Serra de Grândola a
apresentar “trilhos bem definidos, declives longos e pronunciados e
uma grande variedade de opções, onde se pode perder (ou ganhar)
muito tempo”, refere o atleta. E, a concluir, a esperança de que
“não caia neve em Portugal, uma vez que já comprei as passagens
de avião e irei ficar mais uns dias em Portugal, a descansar duma
temporada desgastante e a viajar e conhecer um pouco do País.”
“Temperaturas amenas” e “sol
a brilhar”, desejos de Glukhov e Hara
O Orientovar foi igualmente ao
encontro dos atuais líderes do ranking mundial, o russo Valeriy
Glukhov e a finlandesa Marika Hara, também eles presenças
confirmadas em Portugal dentro de duas semanas. O olhar de Glukhov
sobre a prova portuguesa é feito duma grande ansiedade, sobretudo
porque “este está a ser um setembro particularmente frio e chuvoso
em Moscovo.” À procura de “temperaturas amenas, terrenos
montanhosos, distâncias técnicamente interessantes e a certeza duma
organização ao mais alto nível”, é com esta motivação que o
Campeão Europeu de Distância Média em título ruma ao nosso País.
E quanto a chegar ao final da temporada na liderança do ranking
mundial? O russo não hesita na resposta: “Quero divertir-me e
desfrutar das provas. Quanto aos resultados, depois veremos”.
As declarações de Marika Hara
também não fogem muito a este tom. Em Portugal, a atleta pretende
“fazer boas provas, desfrutar ao máximo e minimizar os erros.”
Chegar à vitória na Taça do Mundo parece não fazer parte das suas
preocupações, já que, como ela própria afirma, “é necessária
uma temporada onde os bons resultados sejam a norma e acabei por não
ser feliz este verão.” A terminar, o desejo de “uma bela
competição em terrenos bonitos e com o sol a brilhar.”
Davide Machado a olhar para o
top-10... ou mais
Entre os oito atletas portugueses
convocados para esta ronda final da Taça do Mundo, um há que
concita o grosso das atenções. Falamos de Davide Machado, um atleta
que tem pautado a sua temporada por mais baixos que altos e que ocupa
atualmente a 24ª posição na Taça do Mundo e o 34º posto do
ranking mundial. Ao Orientovar, o atleta da Póvoa de Lanhoso
confessou-se “algo abalado com os maus resultados nos Campeonatos
do Mundo e a subsequente queda no ranking, principalmente sabendo
pelos motivos que foram”, mas adianta que “o objetivo para esta
ronda final da Taça do Mundo continua a ser o mesmo, foi delineado
logo no inicio da época e mantém-se, naturalmente.” Assim, o
atleta espera “alcançar prestações dentro do top-10, aproveitar
o facto de estar a correr em casa, conhecer a organização, a dureza
do terreno e a excelente cartografia nacional para conseguir um pouco
mais ainda, quem sabe ambicionar a um lugar no pódio.” A terminar,
Davide Machado admite que “para alcançar os objetivos será
preciso um pouco da sorte que tem andado longe nestes últimos
tempos.”
Veteranos portugueses em força
Olhando agora para o Campeonato do
Mundo de Veteranos, serão em número de 149 os atletas presentes,
com Portugal a afirmar-se como a comitiva mais numerosa, com um total
de 42 atletas. Seguem-se a Dinamarca com 23 presenças e a
Grâ-Bretanha, Suécia e Espanha, com 15, 14 e 13 presenças,
respetivamente. Entre os nomes mais sonantes contam-se o dos
britânicos Killian Lomas e Charlotte Somers-Cocks, dos austríacos
Dietmar Dorfler e Herbert Lackner, do francês Jean Charles Lalevée,
da húngara Veronika Cseh, da australiana Carolyn Jackson e da
dinamarquesa Birgit Hausner, todos eles Campeões Mundiais em título,
fruto das vitórias na competição realizada em Vészprém, Hungria,
em 2012. Para além destes, nomes como os dos húngaros Sandor Talas
e Daniel Marosffy, do russo Maxim Zhurkin, do austríaco Wolf Eberle,
da turca Tatiana Kalenderoglu e dos portugueses Susana Pontes, Carlos
Simões, Inácio Serralheio, Mário Marinheiro, Luís Sousa,
Francisco Moura, Armando Santos, Luísa Mateus e a medalha de bronze
de Sprint dos últimos Mundiais da Hungria, Susana Pontes, têm
igualmente uma palavra a dizer.
O Orientovar foi também ao encontro
de dois dos atletas veteranos portugueses com fundadas e legítimas
ambições na competição, auscultando as suas opiniões. Começando
por Carlos Simões, o atleta vê a sua participação neste que
constitui o gramde objetivo da temporada “com a expectativa de
conseguir bons resultados, que passam pelo obtenção de um titulo
Mundial numa das provas.” Para o atleta do COALA, “estes
Mundiais vão realizar-se numa das melhores zonas para a prática da
modalidade no nosso País e espero que sejam de feição não só
para mim como para todos os atletas nacionais presentes. Temos
grandes valores na Orientação nacional e que irão mostrar nestes
Mundiais todo o seu potencial.” Já no tocante a Susana Pontes, a
tónica é a da moderação: “O que eu espero mesmo é estar
presente”, revelou a atleta, a braços com uma lesão no glúteo
médio. “Já andar é difícil!”, diz, embora acrescentando que
“na bike a dor é menor.” Desta forma a atleta lá vai treinando
e “pedindo a 'tudo' que não piore!” Expectativas? “Vou estar
presente como nas edições anteriores, dar o meu melhor no que à
Orientação diz respeito e ver o que me espera. A concorrência é
forte mas partimos todas nas mesmas condições”, conclui.
Saiba mais sobre a competição em
http://wmmtboc2013.fpo.pt/index.php/pt/
Saudações orientistas.
JOAQUIM MARGARIDO
Este artigo tem o patrocínio de
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