A Praia da Tocha recebeu a
primeira edição dos Campeonatos Nacionais de Orientação de
Precisão. Numa prova histórica a todos os títulos, João Pedro
Valente e Ricardo Pinto foram os grandes vencedores.
Numa organização do Clube de
Orientação de Estarreja, com os apoios do Município de Cantanhede,
Federação Portuguesa de Orientação e Instituto Português do
Desporto e Juventude, a Praia da Tocha foi palco dos I Campeonatos
Nacionais de Orientação de Precisão. O percurso de floresta, particularmente aprazível e desafiante e com uma distância de 1.100
metros (16 pontos de controlo + dois pontos cronometrados), teve desenho de Nuno Pires e nele evoluíram
um total de 45 atletas, 26 dos quais na Classe Aberta e cinco na
Classe Paralímpica.
Começando pela Classe Aberta, a
vitória sorriu a João Pedro Valente (CPOC), com um total de 14/18
pontos. Acabadinho de se sagrar Campeão Nacional de Distância Média
de Orientação Pedestre (escalão H35), João Pedro Valente
deslocou-se de Mira para a Tocha e foi chegar, ver e vencer, naquela
que constituiu a sua estreia nesta disciplina. O atleta teve uma
entrada excelente em prova – foi um dos sete atletas a fazer o
pleno nos pontos cronometrados -, vindo a claudicar já na parte
final e numa altura em que, tipicamente, o cansaço mental começa a
fazer-se sentir, aliando-se ao tempo de prova que se está a esgotar.
Não foi este o caso de Luís Leite (GD4C), que fez um final de prova
limpo e terminou igualmente com um “score” de 14/18 pontos. Valeu
no desempate o registo de tempos no ponto cronometrado, com uma
resposta errada a penalizar o atual líder do ranking da Taça de
Portugal de Orientação de Precisão. A terceira posição coube a
Carlos Ferreira (DA Recardães), com menos um ponto que os
vencedores, também ele a estrear-se de forma auspiciosa nesta
disciplina.
Na Classe Paralímpica não houve
propriamente uma surpresa. Ricardo Pinto (DAHP) tem vindo a
apresentar-se em crescendo nas últimas provas e este percurso surgiu
à medida das suas qualidades, trazendo-lhe certamente à memória a
experiência marcante dos últimos Campeonatos do Mundo de Orientação
de Precisão WTOC 2012, nos quais o atleta marcou presença em
representação da Seleção Nacional. Claudicando de forma drástica
na fase intermédia da prova – ironicamente, aquela onde se
encontravam os pontos mais acessíveis do ponto de vista técnico -,
o atleta não conseguiu melhor que 9/18 pontos, ainda assim
suficiente para se sagrar Campeão Nacional. Na segunda posição –
e não sem surpresa – classificou-se António José Novais (DAHP)
com 6/18 pontos, relegando para a terceira posição Júlio Guerrra
(DAHP) com 5/18 pontos, este último que vinha sendo a grande
sensação da temporada e que se apresentava na Tocha na qualidade de
líder do ranking da Taça de Portugal.
Organização de parabéns
De regresso aos vencedores, João
Pedro Valente confessou ao Orientovar que “as surpresas acontecem
mas, realisticamente, não estava à espera de vencer.” O segredo
do sucesso residiu, sobretudo, no “muito trabalho de casa,
consultando tudo aquilo que me foi possível consultar numa semana
normal de trabalho.” Avaliando a prova como “muito difícil, com
muito que pensar em cada um dos pontos”, o atleta acrescenta que
“aquele que me pareceu ser o ponto mais fácil foi um dos que
falhei”. Quanto ao futuro na Orientação de Precisão, João Pedro
Valente não se furta à responsabilidade acrescida de ser o primeiro
Campeão Nacional da história desta disciplina: “Estou numa fase
da minha vida na Orientação que faz com que tente aproveitar tudo o
que há num evento. Adorei esta experiência e sempre que puder
participarei de novo.” A terminar, uma mensagem deixada sobretudo
àqueles que não conhecem esta disciplina: “É interessante e
divertido, é um desafio importante e representa um valor acrescido
no qual se pode aprender muito para as provas de floresta.”
Também Ricardo Pinto nos deixou
algumas notas breves. Para o atleta, “a prova foi muito boa, muito
apelativa, muito difícil e com desafios muito interessantes”. Os 9
pontos em 18 possíveis deixaram o atleta “satisfeito, devido à
dificuldade da prova em si, mas obviamente que poderia ter feito
melhor. Fazem-nos falta mais provas com este grau de dificuldade para
nos prepararmos para este tipo de desafios e para conseguirmos
progredir.” Falando da organização da prova e do labor do Clube
de Orientação de Estarreja em levar por diante este I Campeonato
Nacional de Orientação de Precisão, a avaliação do atleta não
podia ser mais positiva: “A prova esteve muito bem coordenada e
atribuo-lhe a nota máxima. Os pontos estavam muito bem traçados e
notou-se uma grande preocupação em adequar o percurso às pessoas
com mobilidade reduzida, deslocando-se em cadeira de rodas.” Uma
última questão e que tem a ver com a deslocação do atleta à
Finlândia onde, de 6 a 13 de Julho, marcará presença nos
Campeonatos do Mundo de Orientação de Precisão, o que acontecerá
pelo segundo ano consecutivo: “Foi um excelente treino e um passo
muito importante nesta fase de preparação para o Campeonato do
Mundo. Sei que não nos esperam facilidades e daí voltar a referir a
importância deste tipo de provas. Os meus parabéns à organização
e o meu muito obrigado.”
Saudações orientistas.
JOAQUIM MARGARIDO