Aqui ficam as últimas impressões dos
nossos “sete magníficos” nos Campeonatos do Mundo de Orientação
em BTT, que decorreram em Itália ao longo da passada semana.
Foi um Mundial que ficou muito aquém
dos objectivos que tinha traçado. No inicio tive uma boa adaptação
aos mapas dos Model Event e a qualificatória para a final da
Distância Longa foi conseguida sem grandes sobressaltos e na qual
deu para ver o tipo de andamento que iríamos ter neste Mundial, o
que até me deixou com algum optimismo para a realização de boas
provas aliadas a boas classificações.
A prova de Distancia Longa teve duas
partes bem distintas. No primeiro mapa cometi alguns erros mas nada
que me tivesse feito perder muito tempo; após a troca de mapa que
nos levava para a parte final, a menos dura da prova, começaram os
erros técnicos que só acabaram quando tive o acidente e que levaram
a perder cerca de dez lugares no final. De referenciar nesta prova a
zona espectacular de chegada na cidade de Bassano, um momento que me
ficará para sempre na memória.
Na Distância Média parti com
aspirações em conseguir uma boa prova mas, na parte final, tive uma
saída do trilho que teve como resultado a roda de trás desfeita.
Inicialmente o meu pensamento foi ir para a meta e assim fazer "mp"
mas olhei para o mapa e decidi concluir a prova na mesma com a
bicicleta à mão. A frustração foi enorme e estava em causa o
resto da participação no Mundial.
Na prova de Estafetas não participei
por não ter bicicleta, esse foi o momento mais difícil para mim
neste Mundial, era uma prova que sonhava fazer desde que fui
seleccionado, fica para a próxima.
Para a prova de Sprint consegui
arranjar uma roda emprestada de uma loja local, não sendo a minha
especialidade entrei com vontade de inverter as coisas mas um erro no
15º ponto, o único em que não conferi o número, fez com que
picasse o ponto errado, o primeiro " mp" da minha curta
carreira na Orientação, uma forma inglória de acabar um Mundial
que não me correu da melhor forma e que sabia que tinha capacidades
para ter feito bons resultados.
Foi um Mundial que serviu para ganhar
experiência e ter contacto com outro tipo de terrenos a que não
estamos habituados nas nossas provas.
Uma nota final para a organização.
Tivemos zonas de partidas e chegadas dignas da prova em causa mas
pareceu-me que a preocupação da organização ficou basicamente por
ai. No reverso da medalha, muitas queixas em relação à alimentação
desde o inicio ao fim, abastecimentos ao sol em provas com
temperaturas de 40 graus assim como várias irregularidades cometidas
ao longo da prova e que nunca tiveram o merecido tratamento de acordo
com os regulamentos.
Para finalizar não posso de deixar de
dar os parabéns ao Davide Machado pelos excelentes resultados
alcançados, como a todos os restantes colegas de Selecção que
deram tudo para conseguir os melhores resultados neste Mundial assim
como ao nosso técnico e amigo, António Aires, pelo apoio que nos
deu sempre, o meu obrigado!
Carlos Simões
Então em relação à prova de
Estafetas, o António Aires já me tinha dito que iria ficar de fora
(e então estava eu preparado psicologicamente pra ser Campeão do
Mundo de Open, até já tinham feito uma aposta que se fosse Campeão
de Open me pagavam uma volta nos Kartings), eis que o Carlos Simões
não consegue arranjar uma roda para fazer a prova e pronto, tive que
ser eu a fazer a prova.
Agora falando mais a sério, a prova de
Estafetas, como não ia com pressão, embora estivesse a fazer prova
no escalão de Seniores, apenas segui os conselhos do grupo,
principalmente do meu colega de equipa Daniel Marques, que disse "vai
com calma, sem stress", pronto e lá fui eu, fui o 3º a partir
e quando estava quase a meio da prova, eis que tive o meu primeiro
furo desta época, a minha reacção,"e agora?". Mas
pronto, lá resolvi o problema, isto tudo fez-me perder cerca 8 a 9
minutos. Agora tirando este pequeno percalço foi das melhores provas
a nível de navegação, sem cometer erros, o mapa também era fácil.
No Sprint estava confiante, o meu
treinador disse para arriscar, mas acabei por não arriscar muito. O
mapa era fácil na parte inicial e muito técnico nos últimos cinco
pontos, mas foi na parte inicial que apenas em dois pontos perco por
volta de um minuto e meio, o que me fez ficar a meio da tabela. Mesmo
assim não fiquei desiludido com a minha prestação.
Falando desta experiência. Ainda me
lembro de dizer lá em casa, mais ou menos em Novembro de 2010, "
ena, Campeonato do Mundo de Ori BTT em Itália, que sonho!..." ,
e agora, olhando para trás, já passou.
Foi uma experiência espectacular,
estou sem palavras. Juntando à experiência que foi, junto os meus
resultados ao qual eu não estava à espera que fossem tão bons, e
que para mim foram espectaculares.
Olhando para a frente, vou dizer o que
disse á minha familia quando cheguei: "É isto que eu quero
continuar a fazer". Não digo já para o ano voltar a um
Mundial, mas talvez daqui a dois ou três anos, até porque vou
transitar para um escalão superior, em que há muito mais
competitividade. Para tal vou seguir muitos conselhos do grupo que me
acompanhou nestes dez dias e inspirar-me principalmente nos
resultados do Davide Machado, a quem volto a dar os parabéns pelos
resultados obtidos. Agora é continuar a trabalhar mais do que nunca
para poder estar em força na próxima época.
Cristiano Silva
Esta época optei por abdicar um bocado
da parte competitiva, não treinei e participei nas provas quase numa
vertente de lazer. Quando recebi o convite para participar nos
Mundiais, toda a gente sabia qual era a minha condição física e
vim para os Campeonatos completamente destreinado e sem quaisquer
objectivos em termos de resultados. Fazer Orientação, participar em
mais um Campeonato do Mundo, e estar com os meus colegas, esse era
objectivo prático. Uma pessoa destreinada não se pode propor a
outros objectivos que não esses.
Do ponto de vista colectivo, Portugal
esteve muito bem. Estivemos sempre muito unidos, andámos em
conjunto, motivámo-nos uns aos outros e isso foi muito importante
para o grupo. Foi também com esse espírito que entendi como uma
mais valia a minha presença na Selecção e fui lá para ajudar os
meus companheiros.
Para ser sincero, acabei por ficar
muito agradavelmente surpreendido com a minha prestação, já que
acabei por conseguir não fazer erros de navegação e fazer
prevalecer alguma valia técnica que ainda tenho, o que me permitiu
posicionar-me na primeira metade da tabela nas várias provas.
Em termos da Organização destes
Mundiais, resumo-a a muito “show off” e pouco pragmatismo. Falhou
em situações essenciais, houve pontos mal marcados, no final das
provas não havia splits, não tivemos acesso a segundos mapas, a
qualidade dos mapas era muito discutível e os percursos não estavam
marcados da melhor forma, do meu ponto de vista. A nível do
essencial, esta organização falhou muito, embora tivesse estado
brilhante em termos de apresentação, de fazer passar a ideia para o
grande público do que é a modalidade.
Vou agora iniciar os trabalhos para a
próxima época, visto que tenho intenções de regressar ao mais
alto nível. Desde que regressei de Itália, tenho treinado e estou
motivado. Um ano de interregno fez-me bem. Perdi muito daquilo que
era como atleta, mas espero recuperar rapidamente e regressar ao
melhor nível. Para já temos os Europeus da Russia e espero fazer
melhor do que fiz em Itália, o que aliás será normal, já que os
mapas serão muito mais técnicos e também estarei numa forma física
melhorzinha. Mas não espero nenhum resultado surpreendente. Conhecer
a Russia e fazer provas sem erros, esse é o objectivo.
Daniel Marques
Como evento em si, penso que correu
tudo da melhor forma. A organização esteve à altura e
proporcionou-nos um grande evento, principalmente a parte logística
esteve a alto nível, falharam apenas em certas partes técnicas,
embora passassem despercebidas pela maioria dos atletas, foram muitas
vezes discutidas nas reuniões com os directores de equipa.
Quanto à participação Nacional, toda
a comitiva se esforçou e deu o seu melhor, embora nem todos os
resultados o mostrem claramente. Em alguns casos, a pressão e a
falta de experiência em provas internacionais encobriram o forte
potencial de alguns atletas. Mas deu para ver, até pelas Estafetas,
que, bem trabalhado, conseguimos ter mais que uma equipa ao alto
nível.
Quanto à minha prestação pessoal,
como já tinha referido anteriormente, tinha como objectivo igualar
ou tentar melhorar os resultados obtidos em 2010. Sabia que não era
fácil (e não foi), mas como sempre daria o meu melhor. Foi o que
fiz em todas as provas, embora os resultados apenas o evidenciem em
algumas.
Estou muito contente com os resultados
obtidos, foi excelente não só para mim, pois foi mais um grande
incentivo, assim como para toda a modalidade.
Agradeço o apoio e felicitações a
todos os que me acompanharam e acompanham.
Davide Machado
Sem dúvida que estes Campeonatos ficam
marcados pelos excelentes resultados do Davide Machado, com o 5º
lugar na Longa e o 6º no Sprint. No que toca a mim, infelizmente não
consegui um bom resultado no Sprint. Até comecei bem, apanhando o
Simon Seger (22º lugar do Mundo) ao 5 ponto onde lhe ganhava um
minuto, mas depois acusei desgaste no final da prova, numa zona muito
técnica e onde perdi cerca de quatro minutos. Foi um Campeonato do
Mundo com muitos altos e baixos. O momento mais alto foi na prova de
Estafetas, quando entrego o testemunho na 4ª posição e o mais
baixo foi quando tive a queda que me condicionou a prova de distância
Média. Vou com o sentido de dever cumprido. Fui o 2º melhor
português na Longa, 3º melhor no Sprint e melhor português nas
Estafetas. Queria agradecer à minha família e namorada que sempre
me apoiaram, aos meus patrocinadores Lusobike e Science in Sport
(Paulo Salvado) e ao meu clube Desportivo Atlético de Recardães.
João Ferreira
A selecção presente neste campeonato
do mundo, e que tive o prazer de fazer parte, tudo fez para
representar o país ao mais alto nível. Claro que o grande destaque
vai para a excelente prestação do Davide Machado: 5.º lugar na
Distância Longa e 6.º no Sprint. Realço ainda o 10.º lugar da
Estafeta nacional, muito próxima do melhor de sempre.
Relativamente à minha prestação,
ainda que aquém do que ambicionava, não deslustra o trabalho até
aqui realizado e a experiência adquirida (com uma importância vital
nesta competições) poderá ser um factor primordial para futuros
eventos.
Paulo Palhinha
Foi um mundial que em termos de "show
off" deve ter sido um dos melhores de sempre. Plataformas de
partida, partidas em centros históricos, chegadas em pequenos
circuitos fechados, entre outras coisas. Por outro lado, as
informações úteis para atletas e Diretor Técnico Nacional foram
muito mal geridas. Os mapas foram sempre em zonas muito bonitas e
muito físicas, tendo em conta que foi introduzida a "nova"
simbologia dos caminhos e áreas a laranja, algo a que nos tivemos
que habituar.
Na perspectiva pessoal faço um balanço
muito positivo, pois comecei muito bem, logo no prólogo a conseguir
um 16º lugar, apenas a gerir o esforço.Nesse mesmo dia, ao telefone
com o meu treinador, eu disse-lhe: "Então agora se mantiver já
é um óptimo resultado!!" Em resposta ouvi: "Não, um bom
resultado é baixares mais um lugar!!". Penso que ele estava
mais confiante que eu, para ser sincero. Na final da longa consigo o
14º lugar, o que me deixou muito contente pois é nestes momentos
que conseguimos ver o resultado de tantas coisas de que abdicamos e
de todo o tempo despendido a treinar. Este é o resultado do trabalho
desenvolvido nos bastidores pelos nossos treinadores.
Na Distância Média acusei muito
cansaço físico, aliado a uma queda e a uns erros de Orientação,
não conseguindo manter os meus bons resultados, decidindo assim
apostar novamente tudo no Sprint, modalidade na qual fui Campeão
Nacional este ano. No Sprint saí muito bem mas no 4º ponto sofri
uma queda bastante aparatosa, o que me acabou por danificar a prova
por completo.
Faço também um balanço muito
positivo de toda a prestação da Selecção, desde os estreantes ao
mais batidos nestas andanças.
Tiago Silva
[Foto gentilmente cedida por António Aires]
Saudações orientistas.
JOAQUIM MARGARIDO
Sem comentários:
Publicar um comentário