Numa altura em que festejamos os 25
anos da FPO, qual a palavra que de imediato lhe vem à mente?
Luis Leite (L. L.) -
Responsabilidade. Desde a sua criação, a Federação tem fomentado
o desenvolvimento da modalidade ao regulamentar, apoiar e
supervisionar a actividade dos seus agentes.
Qual a “dívida” que o GD4C tem
para com a Federação em matéria do seu aparecimento e
desenvolvimento?
L. L. - Não acompanhei essa
fase, a minha entrada para este clube foi posterior. Para responder
tive de me socorrer da colaboração do Fernando Costa que foi
fundador e fez parte dos Corpos Sociais da altura. Segundo ele, “a
FPO sempre acreditou nas iniciativas e projetos idealizados pelo
GD4C, sendo desta forma e principalmente no inicio do clube um
suporte e uma motivação para a criação de um clube forte quer a
nível de competição quer na organização de eventos de
Orientação.”
Como definiria o GD4C neste momento?
L. L. - O GD4C é um clube com
dinâmica, reputado e respeitado. Temos conseguido manter estável a
estrutura do clube, com uma renovação natural de pessoas que vão
passando e deixando o seu contributo. A nossa maior riqueza é o
potencial humano de toda a equipa, dos pequenos de 10-12 anos ao
nosso decano de 77 anos, uma família de entusiastas desta bela
modalidade que a vêem como o seu desporto favorito e que sabem que
no clube é preciso trabalhar para poder desfrutar.
É assim que conseguimos participar
durante 2015 em 19 eventos (37 etapas, incluindo TODOS os eventos da
Taça de Portugal) e ainda suportar inscrições, transportes,
alimentação, equipamento, estágios, formação, etc. Nesta época
obtivemos o 3º lugar no ranking de clubes e vários títulos
individuais e colectivos nos Campeonatos Nacionais. Estivemos
envolvidos na organização de vários eventos (Norte Alentejano O'
Meeting, Desporto Escolar, Campeonato Nacional de TempO, Vila do
Conde City Race, Taça de Portugal de Orientação Adaptada com 6
etapas, Troféu Sálvio Nora, Trail 4 Caminhos, Porto City Race). É
"muita fruta", só possível com este grupo fantástico que
arregaça mangas quando é preciso. Fazemos o possível para que
esses momentos de trabalho sejam acompanhados de momentos de
convívio, tornando tudo mais fácil. Também é importante realçar
o lançamento do Portugal City Race, um circuito de provas abertas
urbanas que foi um sucesso, com níveis de participação
interessantes e a 1ª Taça de Orientação Adaptada. Para 2016 a
receita será ligeiramente menor, e para 2017 a grande tarefa (digna
de Hércules) é o POM.
Como vê o atual estado da
Orientação em Portugal?
L. L. - Não sendo excelente,
pois há muito espaço para evoluir, nos 19 anos que levo neste
desporto acho que, no geral, a modalidade nunca esteve melhor do que
agora. Realço alguns pontos:
- Uma Federação a funcionar, com parcos meios é certo, mas a desenvolver trabalho positivo em prol da modalidade e dos seus agentes (clubes, técnicos, atletas);
- Clubes dedicados à modalidade e que colaboram entre si, saliento mesmo o ambiente salutar inter-clubes e Federação;
- Quadros competitivos regulares que abrangem uma grande parte do território nacional (Continente e Madeira, falta os Açores);
- Oferta nas várias vertentes da Orientação (Pedestre, O-BTT, Trail-O);
- Atletas de selecção dedicados e que treinam afincadamente para os seus objectivos;
- Oferta regular de formação técnica (supervisão, cartografia, treino, traçadores);
- Grande diversidade de mapas relativamente recentes em terrenos técnicos cartografados com altíssima qualidade;
- Cartógrafos nacionais com um nível técnico muito elevado, muito requisitados para trabalhar no estrangeiro;
- Traçadores de percursos de excelente qualidade, elogiados aqui e além fronteiras;
- Eventos nacionais com um nível de organização geralmente alto;
- Eventos internacionais organizados com muita qualidade (WRE, EOC, WMOC...);
- Boa implantação da modalidade no Desporto Escolar, mas com margem para melhorar;
- Magazine O-TV, veículo de informação que é um luxo (mas nem sempre bem aproveitado).
No entanto... o número global de
praticantes regulares não tem crescido.
Três ideias breves para três
tópicos muito concretos: Comunicação, Desporto Escolar e Provas
Locais.
L. L. - Comunicação: tem
melhorado aos poucos. É uma prioridade a levar com critério de
forma a que o custo seja um investimento em vez de um prejuízo.
Desporto Escolar: Melhor formação dos
professores e, por consequência, melhor qualidade técnica dos
alunos. Criar uma Fase Distrital (alunos em quantidade, deslocações
curtas, envolvimento dos clubes locais) de apuramento para a Fase
Regional (melhor qualidade das equipas, menos confusão).
Provas locais: Denominação atribuída
às provas que não pontuam para o ranking nacional (ou regional),
têm infelizmente o estigma (errado) de serem provas de baixa
qualidade técnica e/ou organizativa quando nem sempre é assim. A
liberdade que uma “prova local” oferece a quem organiza é a de
poder testar novas fórmulas que numa prova da Taça de Portugal não
podem ser aplicadas devido às especificidades técnicas inerentes. O
termo mais correcto será talvez “prova aberta” pois toda ela
está aberta à participação em qualquer escalão, por oposição
às provas em que a competição está reservada aos federados (e
depois há 3 ou 4 percursos abertos). Acho mesmo que a divulgação
de uma boa oferta de provas abertas apelativas é uma excelente
oportunidade para atrair novos praticantes (que eventualmente podem
converter-se em federados ou não).
Um desejo neste soprar das 25 velas.
L. L. - Que o sopro seja forte
para embalar a modalidade nos próximos 25 anos, à conquista de
novos praticantes e do reconhecimento como um dos melhores desportos
aventura de ar livre que há.
Saudações orientistas.
Joaquim Margarido
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