Membro da Comissão de Orientação
de Precisão da Federação Portuguesa de Orientação e um dos
principais pilares desta jovem disciplina no nosso País, Nuno Pires
protagonizou em Palmela, juntamente com João Pedro Valente, um dos
momentos mais altos da participação portuguesa no ETOC 2014. A sua
presença na Final de TempO foi mais uma achega na afirmação de
Portugal no panorama da Orientação de Precisão mundial. Disso e
muito mais nos fala o atleta e técnico, numa longa Entrevista que
vale a pena ler com atenção.
Agora que os ecos dos Campeonatos da
Europa de Orientação de Precisão se vão esgotando, começaria por
lhe perguntar quais as imagens que guarda na memória de forma mais
marcante.
Nuno Pires (N. P.) - Se fizer um
exercício para recordar todo o ETOC 2014, há com toda a certeza
alguns momentos que vão prevalecer como fotos do meu álbum de
memórias. Para começar, a primeira reunião da equipa no Pinhal
Novo, na véspera do Model Event. Será fácil perceber porque foi
tão especial, já que tenho a noção que nos próximos anos não
será possível juntar uma seleção Portuguesa de Precisão com 10
elementos equipados a rigor e a participar num Campeonato desta
envergadura. Foi em Portugal, tinhamos a possibilidade de os
inscrever e levar à competição este número simpático de atletas,
com dignidade e limitações de orçamento, num esforço da FPO em
nos proporcionar as condições possíveis na atual conjuntura, e
apesar da nossa pouca experiência, estarmos com um espiríto de
competição e motivação idêntico a qualquer grande seleção, mas
sem a pressão dos resultados e os focos da imprensa apontados à
cabeça.
Depois, lembro-me da madrugada do Model
Event, ainda no alojamento, ao espelho, e já equipado com as cores
nacionais, do orgulho de ser português e puder representar o meu
país, por esforço, sacrifício pessoal, familiar e mérito. A
seguir, no carro, no trajeto para o Vale de Barris, a ouvir no rádio
e cantar bem alto “Happy”, do Pharell Williams, porque era assim
que me sentia. Algo que me recordo também como uma imagem deste ETOC
foi a possibilidade de almoçar diariamente no local de competição
com todo o grupo, permitindo ainda no rescaldo das provas analisar
cada prestação individual, trabalhar e discutir aspetos técnicos,
dando alento aos menos afortunados e congratulando os que mais se
destacaram a cada dia, sempre em prol dum bem comum.
Claro que o momento alto da minha
participação foi a prestação na Qualificatória do TempO, que me
deu acesso à final. Neste dia, o que me fica na memória foi a
surpresa de aparecer inicialmente em oitavo lugar, mas já com um
número de atletas classificados que dificilmente me colocaria fora
dos 18 apurados. A conta foi fácil de fazer e consistiu em perceber
quantos nórdicos ainda não tinham acabado e pensar no pior cenário
possível, o que não se veio a verificar. Lembro-me da ansiedade do
João Pedro Valente, durante cerca de duas horas a aguardar que os
resultados se tornassem finais e que conseguisse o apuramento. Ele
estava no fio da navalha por segundos, e a cada funcionamento da
impressora o gume ficava mais aguçado. Essa imagem não vou
esquecer, quando ele confirmou a presença na Final, e que em troca
deste momento, ambos falhámos o desfile das Nações em Palmela por
meros cinco minutos. Valeu o grande abraço que demos quando a
alegria o tomou de assalto, para compensar a nossa falta.
Da final do TempO, recordo a zona da
Quarentena, da ausência quase total de atletas latinos, das trocas
de olhares que procuravam disfarçar o nervosismo generalizado, do
respeito evidente pelas grandes figuras mundiais da modalidade, que
agora já reconhecia, e a sensação inversa, da minha intromissão
num grupo tão restrito de nomes importantes, do achar que estariam a
perguntar “Quem é este português?”, nem que seja uma vez na
vida. A ida a pé para a primeira estação, num grupo com a presença
do famoso Remo Madella, ou seja, quem mais perto de mim ficou no
resultado geral da Qualificatória. Depois guardo, não a imagem mas
o filme da Final, a disfrutar o momento, a arriscar demasiado na
primeira estação, a perceber se conseguiria manter uma rapidez de
resposta e paralelamente alguma certeza nas decisões. No final, o
resultado ficou abaixo da minha expetativa, visto que tinha apontado
como objetivo depois da Qualificatária a entrada no top 20, que
seria uns furitos acima do apuramento, mas ainda dentro duma visão
realista.
Como alguém do grupo de seleção já
escreveu, para primeira experiência internacional, ir à final,
entre cerca de cem atletas e ficar em 33º só pode ser considerado
um excelente resultado e de balanço positivo. E eu estou de acordo
com essa opinião, pese embora pudesse ter encontrado outro
equilibrio no compromisso velocidade de resposta vs acertos, obtendo
um score mais baixo, não tão causticado pelas penalizações por
decisões erradas.
Esse seu apuramento [e do João
Pedro Valente] para a final não deixa de constituir um feito
histórico e que nos coloca num patamar deveras interessante, para
quem está a dar os primeiros passos nesta disciplina. Estava à
espera que isso acontecesse? Onde residiu o segredo de tão excelente
resultado?
N. P. - Pessoalmente, e apesar o
ter previamente expresso em casa e ao grupo de seleção, em tom de
brincadeira, era o meu objetivo chegar à Final, ou melhor,
participar nos dias todos de competição, o que implicava tal feito.
Não houve segredo, houve um trabalho essencialmente mental, de apuro
de concentração, que herdo dos meus tempos de basquetebolista,
treino de reação, em computador, para lidar com a pressão das
respostas, algum treino de TempO, na Internet, para me adaptar ao
conceito, estudo de mapas, principalmente duma prova realizada
precisamente num campo de golfe, com vista a criar um modelo mental
fiável e próximo do que poderia ser o cenário real da prova. Além
disto, a minha preparação para o Europeu já vem sendo trabalhada
desde o POM 2013, em Idanha-a-Nova, onde comecei a melhorar as minhas
competências técnicas na Orientação de Precisão, com vista a uma
possível participação. O TempO surgiu como uma variante onde acho
que até tenho um perfil mais adequado, e por isso tentei estar mais
preparado especificamente para esta variante e onde estabeleci os
meus objectivos.
Relativamante ao apuramento do João
Pedro Valente, sendo eu membro da CT da FPO para a Orientação de
Precisão e co-responsável pela lista de atletas selecionados,
sempre achei que a nossa grande hipótese de levar pelo menos um
atleta à final do TempO passaria maioritariamente por ele, sem
desprimor para todos os outros. Apesar de não termos tido atletas em
número suficiente a preencher os critérios de seleção para o
Europeu, a lista final de convocados entrou em linha de conta com os
melhores resultados do ano passado e o potencial que cada um dos
atletas chamados encerrava. Mesmo sem participações em TempO para
comprovar o meu feeling, sempre fiquei com a sensação que a forma
cirúrgica como o João apareceu, chegou e venceu o CN de PreO da
Tocha indiciava que era uma pessoa criteriosa, metódica, com
conhecimento específico da modalidade e que teria uma grande
capacidade de adaptação ao formato do TempO. E não me enganei,
pelo que me congratulo por ter ajudado a dar esta oportunidade ao
João e ele a ter agarrado com unhas e dentes.
Quer falar-nos um pouco daquilo que
foram, também, os dois dias de competição de PreO?
N. P. - Do primeiro dia do PreO,
lembro-me de aparecer lá bem em cima no topo da classificação
preliminar com 18 pontos certos em 20, 18 segundos nos cronometrados,
para mais tarde perceber que o nível era de tal forma elevado que
com um resultado tão bom como este que em qualquer prova nacional
daria para ficar em primeiro ou segundo, numa jornada do Europeu,
somente chegava para o 22º lugar provisório ao cair do primeiro dia
de competição. O segundo dia do PreO não me traz boas recordações,
apenas a imagem duma prova serena, com confiança nas decisões, mas
que no final ficou muito aquém do dia anterior. Contava com um
resultado idêntico, para ficar pelo menos no top 30, mas os erros em
excesso e a melhoria geral de resultados da maior parte dos atletas
atirou-me para o 66º lugar entre 81 atletas.
Fiquei algo desconsolado no final da
competição, não tanto pelo resultado individual alcançado, mas
por não ter contribuído mais para o resultado por equipas. Outros
colegas fizeram bem melhor mas não estavam escalados para as equipas
que Portugal constituiu. Com tempo, terei de ganhar experiência como
atleta de PreO, para ganhar alguma consistência que me faltou neste
Europeu. Penso que terei de separar o Nuno-traçador-de-percursos do
Nuno-atleta. Ambos têm margem de progressão, mas o segundo tem
seguramente mais.
Como avalia o nível competitivo,
técnico e organizativo do ETOC 2014?
N. P. - Acho que o nível
competitivo foi alto, e seria leviano da minha parte dizer que os
resultados no PreO foram demasiado equilibrados como resultado de
alguma facilidade dos percursos, olhando somente para a classificação
dos trinta primeiros na classe Aberta ou do top 10 dos Paralímpicos.
Diz-se que 'a ocasião faz o ladrão', pelo que à qualidade do mapa,
às características do terreno com um número enorme de elementos
verdes a ajudar na sua leitura, criou um potencial de competitividade
sem margem de manobra para erros. Mesmo que planeados com vista a
maximizar a dificuldade dos desafios propostos em cada ponto, quem
falhasse um que fosse, estava praticamante a hipotecar a
possibilidade duma medalha. E os melhores estiveram quase em pleno em
ambos os dias, confirmando a sua reputação. No TempO, foi uma prova
com uma aura brutal de competitividade, pelo espaço em si, que sendo
arquitetado de raiz para outros fins que não a Orientação, colocou
em pé de igualdade atletas de qualquer proveniência.
Tecnicamente acho que o ETOC também
esteve num patamar elevado. Era de esperar que, apesar da prova ser
realizada em Portugal, se notasse um forte envolvimento dos
supervisores internacionais nesta componente, principalmente no PreO,
que aliada ao essencial do evento made in Portugal (mapa, percurso e
terreno) nivelaram por cima este Campeonato. Vê-se que o Alexandre
Reis se dedicou e preparou a base duma grande prova e acredito que
apenas algumas arestas tenham sido limadas após a grande fatia do
seu trabalho. Relativamante ao TempO, o mapa era excelente e
cuidadosamente cartografado. Tecnicamente, a exigência deste formato
poderia desvalorizar esse trabalho inicial, mas creio que nada foi
deixado ao acaso. Da Qualificatória para a Final, houve uma seleção
de locais de dificuldade crescente, o que motivou o aumento de erros
num terreno complexo de analisar à velocidade exigida para boas
prestações.
No aspeto organizativo, houve algumas
areias na engrenagem que foram identificadadas no dia do Model Event
e que tiveram resposta da equipa do ETOC 2014, mesmo no que respeita
a pormenores nos mapas dos pontos cronometrados e do TempO.
Inicialmente, foi perceptível o desconforto de algumas seleções
pela notória inexperiência de alguns elementos no controlo do
TempO, mas na competição estiveram seguros. Acredito que na Final
tenham estado envolvidas mais pessoas sem nenhuma ligação à
Orientação de Precisão do que todos os Atletas portugueses que a
praticam atualmente. Em suma, Portugal pode orgulhar-se de ter
organizado o ETOC 2014, sendo que o nevoeiro que pairou na
Qualificatória de TempO foi apenas e só resultado de condições
climatéricas e nada teve a ver com algumas nuvens que andaram pela
zona de Palmela.
Não posso deixar de mencionar a sua
excelente intervenção na segunda e última reunião de Team
Leaders, onde deixou antever a ideia que as regras valem o que valem
consoante os casos. O que é que está mal no meio disto tudo e de
que forma pode ser corrigido?
N. P. - Para quem, como eu,
segue fielmente as Guidelines internacionais no planeamento de provas
com vista a minimizar a subjetividade de alguns pontos no PreO e
prepara ao pormenor a montagem dos percursos, fiquei algo incomodado
por ter falhado um ponto no primeiro dia, devido a um deslize na
colocação duma baliza ao lado de um elemento de vegetação,
teoricamente numa das oito direções possíveis. Para mim, haveria
todas as razões para que o ponto fosse anulado, porque não está
especificada a margem de erro máxima de azimute admissível na
montagem, que era visível a olho nu e à bússola. Apenas e só está
definido que se a colocação da baliza levar uma parte dos atletas a
serem enganados de forma grosseira e idêntica, essa deve ser a
decisão a tomar por voto de maioria dos mesmos, após analisar a
situação. Claramente demonstrei que se a baliza estivesse no lugar
certo, teria uma colocação relativa ao elemento e distinta da
visível no terreno, o que recebeu o apoio de algumas seleções de
segunda linha que também identificaram o problema e se sentiram
injustiçados pela mesma razão. No entanto, isto acontece após a
prova, e as classificações, a serem recalculadas, afetavam
essencialmente as chamadas seleções de primeira, que naturalmente
não se manifestaram nesse sentido, por conflito de interesses. Ficou
no ar o peso enorme dos países nórdicos no seio da Orientação de
Precisão.
Dois dias depois, numa conversa com o
Martin Fredholm - e já com o PreO terminado e os ânimos mais
esfriados -, foi-me explicado que há algumas situações que, embora
as Guidelines da IOF em vigor prevejam, não são seguidas à risca
na Suécia ou Finlândia, ou seja, há algumas dicas adicionais que
procuram evitar este tipo de problemas, inclusivamente seguindo
conceitos de sinalética e afastamentos de balizas mais vulgares e
praticados no TempO, e que a natural evolução das Guidelines
internacionais por arrasto às melhores práticas dos países
nórdicos ainda não se refletem no papel. Não fiquei totalmente
convencido com esta explicação. Para mim, regras são regras e as
Guidelines internacionais deviam ter sido respeitadas por todos,
porque havia um lapso na montagem que tinha um enquadramento, uma
saída definida, airosa e justa, e que foi desvalorizada por quem
mais responsabilidade tem tido na evolução da modalidade. No
entanto, há claramente todo um historial, um know-how que as
seleções de topo (ou de primeira) têm e deve ser respeitado, mas
que não deve colocar de parte a opinião sustentada do resto do
pelotão. Cabe-nos trabalhar e evoluir para ganhar o estatuto no
terreno e encurtar este intervalo. Isto é como no futebol, não há
nada como uma boa polémica para animar os adeptos.
Que conclusões retira destes quatro
dias de competição ao mais alto nível?
N. P. - Pessoalmente foi o
cumprir de um objetivo, o culminar de um trajeto de cerca de um ano
onde fiz uma aposta na presença neste ETOC 2014, traduzido em
prestações competitivas condizentes com aquilo que é a realidade
da minha Orientação de Precisão neste momento. Não fiz mais
porque o tempo de preparação não pôde ser maior, por razões
pessoais bem mais importantes e que estão agora no topo das minhas
prioridades. Se ainda consigo conciliar a vida pessoal com a prática
da Orientação de Precisão, é porque tenho um apoio familiar
enorme. Se há uns meses atrás dissesse à boca cheia que estava nos
meus planos a ida à Final do TempO, provavelmente ninguém
acreditaria. Em suma, concluo que, se tiver um pouco mais de
dedicação, poderei um dia aparecer com um resultado de maior
destaque. Mas prefiro não pensar em nada a médio prazo, tendo em
conta as dificuldades de participação em provas no estrangeiro.
Quanto à prestação da seleção, em
termos globais, tenho um misto de sensações boas e menos boas.
Primeiro, acho que estivemos muito bem no PreO, principalmente na
classe Aberta. Todos os novatos nestas andanças tiveram pelo menos
um dos dois dias brilhantes, ou ambos com uma prestação homogénea.
O que se pode apontar de mau quando o Luis Leite faz 19 pontos certos
em 20 no segundo dia e fica no 34º lugar? Ou quando o Claúdio
Tereso faz 17 pontos em cada dia e no geral fica em 54º? Já para
não falar no Jorge Baltasar, o melhor de todos os lusos no PreO,
cujo 43º lugar final, se revelou a outra aposta ganha da CT no grupo
de Seleção. Poucas pessoas sabem mas o Jorge não participou no
TempO, porque estava metido até ao pescoço na prova do Sprint do
EOC 2014, mas esteve sempre connosco a acompanhar o grupo e relevou a
frieza necessária para atingir o resultado mais relevante no PreO.
Relativamente à classe Paralímpica, foi notória a nossa falta de
experiência face à concorrência. As pontuações em si ficaram um
pouco abaixo do esperado em número de acertos, resultantes de algum
nervosismo, que podemos trabalhar e controlar no futuro e pelo facto
dos nossos atetas não terem um historial prévio na Orientação, o
que só se consegue combater com a prática da modalidade e a
promoção de um conjunto de atividades como estágios ou workshop
dedicados a estes atletas tão singulares.
No geral, fomos um grupo coeso,
animado, e onde também há que destacar o espírito voluntarioso do
acompanhante do Ricardo, o Serafim, que também foi o motorista de
serviço e do acompanhante do Júlio, o Homero, que tudo fizeram para
acelerar ao máximo as cadeiras de rodas, quando necessário, em
prova. Uma palavra para o José Laiginha Leal, no seu primeiro ano de
Orientação, e que apesar das suas limitações de progressão, fez
questão de gerir o tempo de prova em autonomia total, com uma
assinalável abnegação e desgaste físico que supostamente não
existe na Orientação de Precisão, mas que era patente pelo estado
de transpiração com que chegava ao final dos percursos.
Como responsável pela Comissão
Técnica de Orientação de Precisão da Federação Portuguesa de
Orientação, que significado poderá ter o ETOC para a Orientaçao
de Precisão portuguesa?
N. P. - Vou ser muito sincero.
Este ETOC 2014 é um evento que dificilmente se repetirá em Portugal
no que respeita à dimensão, organização e recursos envolvidos.
Arrisco dizer que, aparentemente, parece um exagero de meios, mas é
ao fim ao cabo o necessário para que tudo corra bem. Pessoalmente,
apenas vi envolvimentos pontuais de atletas da Orientação Pedestre
nesta iniciativa, e os poucos que lá estavam já estão seguramente
a trabalhar nos seus clubes. Não houve um interesse particular em
criar mais sinergias para a atual comunidade orientista disseminar a
Orientação de Precisão nos diversos clubes portugueses. O grosso
dos recursos foi recrutado entre estudantes para tarefas específicas
de controlo e não serão de certeza agentes mobilizadores e
promotores da modalidade no futuro. Assim sendo, não considero que o
ETOC 2014 possa funcionar como alavanca da Orientação de Precisão.
Adicionalmente, considero que não houve uma cobertura mediática ao
mesmo nível do EOC, e pelo que li na imprensa, há lapsos e
imprecisões nas notícias difundidas, o que indicia que, ou a
redação das mesmas não foi cuidada, ou a informação passada da
organização do evento para a imprensa, não foi realizada da
maneira mais correta.
No entanto, acho que o TempO pode
crescer após o ETOC, pelo aliciante de ser, com as devidas
diferenças, a versão Sprint da Orientação de Precisão. Há mais
adrenalina envolvida e, se olharmos para a faixa etária dos atletas
de topo, parece óbvio que cativa um público mais jovem, fugindo ao
estigma de que a Orientação de Precisão é coisa de velhos e
deficientes. O PreO deverá procurar o seu espaço próprio, mas é
preciso que os clubes ajudem a materializar um minimo de oito a dez
provas ao longo do ano, com qualidade. Sem iniciativa, será
complicado levar este barco a bom porto. A CT da FPO está alerta
para esta realidade e vamos tentar dinamizar o TempO com a
organização do I Campeonato Nacional, no final de Maio, nas Dunas
de Cantanhede, para ver a recetividade da comunidade Orientista ao
novo formato. O “depois do ETOC” será apenas em 2015, quando o
calendário de provas regressar à normalidade e soubermos se há
condições para ter uma época com provas de PreO e TempO
devidamante encaixadas no calendário da Pedestre e que permita um
crescimento sustentado da modalidade na classe Aberta, e que mais
Paralímpicos apareçam a competir.
Quais os seus objetivos para aquilo
que resta da temporada?
N. P. - Tenho dois objetivos em
mente. O primeiro é organizar com sucesso o Dunas Trail-O, a 31 de
Maio, que consiste numa etapa de PreO e outra de TempO, nas Dunas de
Cantanhede, sendo que tem o aliciante da prova de PreO ser uma etapa
da Taça de Portugal, da prova de TempO atribuir o primeiro título
nacional individual absoluto, e as duas em conjunto funcionarem como
critério de apuramento para as vagas no WTOC 2014 que levarão a
Itália o melhor atleta Paralímpico e o melhor atleta de classe
Aberta resultantes desta jornada dupla de Orientação de Precisão.
O segundo objetivo é estar no WTOC 2014 como Team Leader de Portugal
e em simultâneo como atleta. Lá, espero voltar a repetir a proeza
de chegar à Final do TempO e conseguir algo mais do que atingi neste
ETOC no PreO.
Saudações orientistas.
Joaquim Margarido